domingo, 22 de fevereiro de 2009

O LEITOR


Stephen Daldry é um grande diretor, penso que isso não pode ser negado. Seu primeiro trabalho Billy Elliot, de 2000, me conquistou por completo por mostrar a luta de um garoto que tem um sonho e enfrentará a família para realizá-lo. Em 2002, o diretor entregou uma obra-prima máxima do cinema, um filme profundo e reflexivo sobre três mulheres em três épocas diferentes, enfrentando diversos conflitos interiores. Claro que estou falando de As Horas, um dos meus dez filmes favoritos da história. Ao anuncio de seu terceiro trabalho, já fiquei na expectativa. O nome que encabeçaria o elenco seria o de Nicole Kidman, mas como a atriz engravidou o papel foi parar nas mãos de Kate Winslet, a minha atriz favorita dentre todas. Ou seja, esse projeto tinha tudo pra me conquistar, e sim, ele conseguiu. Adaptado do livro de Bernhard Schlink (que já estou providenciando para ler), a história fala de um jovem que se apaixona por uma mulher mais velha, até que ela some sem deixar vestígios, e o garoto só á reencontra oito anos depois, quando ele está estudando direito e assiste a um julgamento de crimes nazistas, aonde sua amada é uma das rés. No primeiro ato, tudo é muito bonito, as cenas de sexo são tratadas não de forma escandalosa e o amor entre a mulher mais velha e o garoto é muito bem representado, em especial as cenas em que o garoto lê pra sua amada grandes obras literárias (daí o leitor do título). No segundo ato, ao contrario do que muitos dizem, as cenas de julgamento não são enfadonhas, na verdade são muitos duras e emocionantes, e é aí que O leitor demonstra não ser um filme fácil, de rápida digestão e entendimento. Assim como em As Horas, a atitude dos personagens, as decisões que tomam é que movem suas realidades, decisões essas tomadas com o uso da razão, da emoção, covardes ou não. O importante é que essas atitudes deixarão marcas pra sempre. Agora é claro, uma ótima direção e um roteiro muito bem escrito não seriam suficientes se o filme não tivesse uma protagonista ideal. Kate Winslet é uma daquelas raras atrizes que entendem por completo suas personagens, e é incrível como ela cria uma identidade pra sua Hanna Schmitz., uma mulher misteriosa e introspectiva, tornando-se impossível vermos outra atriz naquele papel. Ela tem uma composição magnífica, não só de personalidade, mas física também, um grande trabalho que está prestes a ser reconhecido pela academia. O menino David Kross também está muito bem, e pode ter uma carreira bem promissora. Só Ralph Fiennes que não entrega nada demais, uma composição correta. Suas cenas não são necessariamente chatas e entediantes, porém perdem muito em comparação com as cenas inicias ou com as cenas do julgamento. Sua grande passagem surge não graças a ele, mas sim a Lena Olin, num diálogo seco e difícil sobre as marcas que o nazismo deixou em quem sobreviveu, além de trazer temas como perdão, compaixão para aqueles que cometeram grandes erros em suas vidas. Seria o final perfeito se o filme não se prolongasse um pouco mais, mas dentre tudo o que foi apresentado torna-se um erro perdoável. O Leitor não é um filme sobre nazimo, sobre os campos de concentração como eu imaginava, mas sim é sobre o amor, como certas pessoas marcam nossas vidas, e como nossas escolhas e atitudes se não podem simplesmente serem apagadas ou esquecidas, devemos é enfrentar as conseqüências delas.

Nota: 9,0

Por: Ícaro Carvalho

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