domingo, 22 de fevereiro de 2009

DÚVIDA


Dúvida é daqueles filmes que atraem muita atenção pra si por causa de um elenco de grandes atores, afinal de contas um longa que traz nomes como Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman como protagonistas (isso mesmo, protagonistas) gera uma certa expectativa. Porém, ao contrário do que muitos afirmam, Dúvida não é somente um filme de elenco, uma vez que sua história também merece uma atenção especial. Numa escola católica dos anos 50, uma freira extremamente conservadora acusa um padre mais liberal de abusar do primeiro estudante negro da instituição. Ou seja, não se trata de algo simples. Adaptado da peça de John Patrick Shanley, que também escreveu o roteiro e dirigiu o filme, Dúvida faz jus ao nome que recebe, pois é exatamente o que causa em quem o assiste. Os diálogos memoráveis e situações que prendem a atenção dos espectadores ganham vida em atuações maravilhosas. Meryl Streep entrega mais uma grande vilã, ainda mais venenosa e seca que sua Miranda Prisley de "O Diabo Veste Prada", uma antagonista que desperta uma antipatia imediata. Philip Semour Hoffman, indicado em coadjuvante no oscar apenas por manobra dos produtores que o venderam assim, protagoniza como o padre acusado de pedofilia, e divide com Meryl embates excelentes aonde o personagem dela tem uma certeza inabalável e o dele se defende da maneira que pode, negando as acusações com afinco. Amy Adams faz uma doce freira que é muito confusa em suas maneiras e atos, mostrando que vem se tornando uma atriz cada vez melhor a cada novo trabalho. Por fim, devo comentar a grande cena do filme, aonde Viola Davis surge num diálogo excelente, forte, despertando um turbilhão de emoções. Numa única cena, essa atriz pouco conhecida até então arrasa e justifica os diversos prêmios que ganhou da crítica e sua indicação para o oscar de coadjuvante. Em aspectos técnicos, o filme não tem muita coisa pra apresentar, apenas uma boa fotografia de Roger Deakins e um trilha correta de Howard Shore. O problema da obra reside exatamente em parecer mais uma peça teatral do que cinema, o que talvez tenha o levado a receber os comentários de que seria apenas um filme de elenco. São eles que dão vida, porém o texto é de importância ainda maior para que Dúvida fique na cabeça das pessoas após o seu término, e gere grandes discussões. Para quem viu sozinho, veja com alguém; para quem viu com um grupinho de pessoas, reveja-o com outro grupo. Verão o quanto o filme é aberto a diversas interpretações, e isso é seu maior trunfo: causar nas pessoas a dúvida do título. Obrigatório.

Nota: 8,0


Por: Ícaro Carvalho

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